quinta-feira, 13 de junho de 2013

Diga o que pensa

JOHAN GRIMMELHAUSEN, 1669: Simplex Simplicissimus

"Então chegou a hora do almoço e eu falei bastante outra vez, porque havia decidido discutir toda tolice e punir toda vaidade, e meu trabalho na época me dava uma desculpa excelente para isso. Ninguém na mesa era bom o bastante para escapar de minha língua. E se houvesse alguém que não agüentasse, os outros ririam dele, ou meu mestre diria a ele que nenhum sábio jamais se zangaria com um tolo."

WAN XIAO:

"Quando eu era jovem, tentei apresentar minhas idéias ao meu governante, mas não consegui sucesso por meios diretos, de forma que passei a fazer piadas, na esperança de poder dizer algo edificante uma vez a cada dez mil, então não se admira que me chamem de bobo da corte.”

Fonte: Caderno dos Doutores da Alegria – Boca Larga – Volume 2



Talvez a maneira mais fácil de ouvir conselhos era quando envolviam um pouco de humor. "Conselho indireto" como eram chamados pelos chineses. Um exemplo é o ministro chinês Wan Xiao da dinastia Liao (aquele da frase lá em cima), que exerceu o papel de bobo da corte porque acreditou que era a única forma de ouvirem as suas idéias.
Será mesmo que os bobos da corte podiam falar qualquer coisa que quisessem? Teoricamente sim. Os bobos tinham uma liberdade para falar e se expressar onde ninguém mais tinha esse direito. Em seus discursos livres, procuravam atingir principalmente aqueles que tentavam se proteger com seus poderes, como os ricos, os governantes e os poderosos em geral; era inteligente o suficiente para se passar por bobo e para denunciar as verdades que incomodavam a todos.


(Postado por Rogério Nascimento)

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