JOHAN GRIMMELHAUSEN, 1669: Simplex
Simplicissimus
"Então
chegou a hora do almoço e eu falei bastante outra vez, porque havia decidido
discutir toda tolice e punir toda vaidade, e meu trabalho na época me dava uma
desculpa excelente para isso. Ninguém na mesa era bom o bastante para escapar
de minha língua. E se houvesse alguém que não agüentasse, os outros ririam
dele, ou meu mestre diria a ele que nenhum sábio jamais se zangaria com um
tolo."
WAN XIAO:
"Quando
eu era jovem, tentei apresentar minhas idéias ao meu governante, mas não
consegui sucesso por meios diretos, de forma que passei a fazer piadas, na
esperança de poder dizer algo edificante uma vez a cada dez mil, então não se
admira que me chamem de bobo da corte.”
Fonte: Caderno dos Doutores da Alegria – Boca Larga – Volume 2
Talvez a maneira mais fácil de
ouvir conselhos era quando envolviam um pouco de humor. "Conselho indireto"
como eram chamados pelos chineses. Um exemplo é o ministro chinês Wan Xiao da
dinastia Liao (aquele da frase lá em cima), que exerceu o papel de bobo da
corte porque acreditou que era a única forma de ouvirem as suas idéias.
Será mesmo que os bobos da
corte podiam falar qualquer coisa que quisessem? Teoricamente sim. Os
bobos tinham uma liberdade para falar e se expressar onde ninguém mais tinha
esse direito. Em seus discursos livres, procuravam atingir
principalmente aqueles que tentavam se proteger com seus poderes, como os
ricos, os governantes e os poderosos em geral; era inteligente o suficiente para se passar por bobo e para denunciar
as verdades que incomodavam a todos.
(Postado por Rogério Nascimento)
Nenhum comentário:
Postar um comentário